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Sopa de Cação

Esta é a sopa que faz parte do grande imaginário culinário alentejano.


SOPA DE CAÇÃO


Prato característico do Alentejo constituído por cação, pão e ervas aromáticas, como o coentro ou o poejo.


O cação permanece numa marinada de vinagre cerca de 2 horas, para amaciar as espinhas e conservar as principais qualidades do cação.


Ingredientes : Cação, azeite, alho, coentros, colorau, folha de louro, farinha, vinagre, sal e pão.


Modo de preparação: Põe-se o peixe de molho em água, vinagre, sal e louro durante 2 horas. Refogam-se no azeite, os coentros e o alho picado. Adiciona-se depois a pouco e pouco a água necessária. Tempera-se de sal e introduz-se o cação. Deixa-se cozer. Adiciona-se depois à sopa, vinagre onde se desfez a farinha. Pode também juntar-se colorau. Deixa-se ferver até que a farinha não saiba a cru. Corta-se o pão às fatias finas, que se colocam bem acamadas numa terrina. Regam-se com o caldo e por cima dispõe-se o peixe.


Pode servir-se o cação com pão frito à volta. Além dos coentros, pode também ser utilizada outra erva aromática, o poejo.


Historia: Da primitiva açorda árabe terão divergido em diferentes momentos e contextos, vários pratos da gastronomia alentejana. Nas costas marítimas do Gharb al-Andalus constata-se desde o período islâmico, a presença de um género de caldeirada de moreia (al-muwâraj) a qual seria então mais propriamente uma “açorda de moreia”. É provável que dessa época possa vir também a chamada “sopa de cação”, também ela uma açorda, pois leva sopas de pão na sua composição. O pequeno tubarão já daria às costas portuguesas então (Rei, 2016).


No entanto, é dispersa e de caráter genérico, a informação disponível sobre a introdução do cação na alimentação alentejana. Tal facto parece dever‑se à exclusiva utilização deste peixe na alimentação das classes com menos poder de compra. O seu baixo preço e a necessidade de o saber preparar para lhe eliminar o cheiro e sabor típicos que adquire, se sujeito a deficiente acomodação e conservação, devem ter sido fatores suficientes para o afastar de classes mais abastadas que consumiam pescado com maior prestígio e qualidade. (...) O Alentejo soube porém libertar toda a potencialidade deste pescado e por via de uma cozinha imaginativa a que juntaram as ervas aromáticas, para obviar aos inconvenientes de um pescado em que as condições de conserva lhe não eram favoráveis, criou e fixou, no decurso do século XX, uma série de receitas em que o Cação é o rei incontestado.


Fonte: DGADR, com base em Receitas e Sabores dos Territórios Rurais, MINHA TERRA, 2013




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